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8 de julho de 2013

O AMBULATÓRIO DA SOLDAGEM






Prof. Américo Scotti (UFU) 


José da Silva, soldador qualificado e certificado, saiu apressado de casa, na manhã desta segunda-feira, para passar no ambulatório de sua empresa, antes de iniciar seu dia de trabalho. Chegando lá, solicitou ao atendente um bom remédio contra um mal que lhe atormentou toda a semana anterior e lhe tirou o sono no fim de semana: TRINCAS.

O soldador, José da Silva, conversando com o especialista Dr. Paulo - Site da Soldagem

José contou ao atendente já ter tomado um coquetel com todas as sugestões de remédios que os amigos soldadores o passaram. Por exemplo, misturou pré-aquecimento, com alta energia de soldagem, com ressecagem de eletrodos e até com pós-aquecimento por 12 horas, mas, mesmo assim, nada tinha adiantado. As trincas continuam a surgir em suas soldas. Nos seus 10 anos de profissão, era a primeira vez que o mal de trinca lhe aperreava por tanto tempo.
O atendente, o “enfermeiro” João Carlos, que há poucos dias teria obtido sua certificação como Técnico Internacional de Soldagem, estava ciente de que a automedicação era contra a boa prática. Para convencer José, o soldador, a procurar um especialista, mostrou para ele um quadro na parede da enfermaria com uma mensagem da ANVISA (Agencia Nacional da Vigilância da Soldagem Autógena) - “O Ministério da Indústria adverte: de acordo com a ISO 9000, soldagem é um processo especial, que demanda controle e acompanhamento em todas suas etapas”. João Carlos, também mostrou ao soldador outras instruções da ANVISA, como, por exemplo, que a ISO 3834 classifica o rigor com que uma obra deve ser acompanhada em função do seu grau de criticidade. Por fim, João citou a norma ISO 14731, explicando ao José como são definidas as tarefas, responsabilidades e conhecimentos requeridos para o “Pessoal de Soldagem”.Convencido, José da Silva foi procurar um especialista da própria empresa, o recém-contratado Dr. Paulo Braga. Paulo era, também, qualificado e certificado pelo Instituto Internacional de Soldagem como Engenheiro Internacional de Soldagem. Ciente do assunto, o “médico” especialista Paulo disse, inicialmente, que o paciente não seria ele, o soldador, e sim a empresa. Paulo enfatizou que a empresa abusou do uso da má prática da soldagem, por muitos anos, deixando de especializar e qualificar o pessoal envolvido com a soldagem. Mas, mesmo assim, Paulo disse que iria aviar uma receita para os sintomas de trinca que José da Silva estava presenciando, ou seja, uma EPS. No entanto, que para assim fazer, precisaria verificar todo o processo de fabricação, o que equivaleria a executar um exame clínico minucioso.
Paulo enfatizou que somente uma EPS, mesmo que correta, não seria suficiente. O paciente (José da Silva) e a empresa (Soldagem S. A.) deveriam passar por um tratamento de recuperação na UTI (Unidade Técnico Industrial), tomando doses progressivas de um Sistema de Gestão de Qualidade, de acordo com normas específicas para o caso.
E mais, Dr. Paulo ainda chamou a atenção de que, para não surgir novas trincas ou outros defeitos, precisaria que todas as operações de soldagem, daqui para frente, fossem acompanhadas por um outro especialista muito importante, o Inspetor de Soldagem. Este inspetor, profissional devidamente qualificado e certificado, seria a pessoa correta para qualificar a EPS que ele estava aviando (equivalente a um farmacêutico). Adicionalmente, o inspetor verificaria se todas as recomendações de boa prática, regidas por normas, estariam sempre sendo cumpridas (como se fosse, por exemplo, olhar a validade na caixa de remédio antes de aplicá-lo).
Ao término da consulta, Dr. Paulo deu uma boa notícia ao soldador, ou seja, de que nem todos os órgãos do paciente e da empresa estavam doentes. Ele mesmo, o soldador, por ser qualificado e consciente de suas responsabilidades, era uma parte sã e vital do sistema.
Da mesma forma, que o técnico de soldagem, o “enfermeiro” João Carlos, mesmo ciente de que existe um remédio certo para cada caso, não teria a responsabilidade de indicar o remédio, mas de apenas ajudar a ministrá-lo.
Moral da estória: A capacitação, a qualificação e a certificação de pessoal, na área de soldagem, são fatores que garante a sanidade física e financeira de uma obra e que cada profissional envolvido deve atuar apenas na sua área de competência.
Siti da soldagem.