As
obras realizadas pela empresa OSX, do grupo de Eike Batista, na região
do Açu, em São João da Barra, Norte Fluminense, podem ter causado uma
das maiores tragédias ambientais do estado. Durante as perfurações e
extração do sal para a construção do Complexo Portuário do Açu uma falha
técnica em um dos tanques de transferência provocou o derrame de água
salgada para os córregos, rios e propriedades de pequenos agricultores,
contaminando toda a região.
As
denúncias são do geólogo Marcos Pedlowski, que está desenvolvendo
pesquisas de campo nos terrenos afetados. O impacto ambiental também
está em análise por cientistas da Universidade Estadual do Norte
Fluminense (Uenf), que já constataram que tanto a água quanto o solo da
região sofreram contaminação, apresentando um aumento expressivo de
salinidade, que pode representar danos irreversíveis para a natureza e,
consequentemente, para a economia do lugar, que tem base na agricultura e
pecuária.
Segundo
Marcos Pedlowski, a primeira queixa partiu de um agricultor no bairro
de Água Preta, em novembro do ano passado, que notou um sabor estranho
na água que estava consumindo. Amostras de água e solo deste agricultor
foram encaminhadas ao Laboratório de Ciências Ambientais (LCA) da Uenf,
que constatou através de testes com equipamentos de precisão que o nível
de sal no líquido colhido estava muito além do normal. Os estudos foram
conduzidos pelo biólogo Carlos Resende, que continua prestando apoio
aos agricultores do Açu, com orientações técnicas que visam amenizar os
efeitos da salinização no uso familiar.
Resende
explicou que as montanhas de areias extraídas pelas dragas da OSX e
colocadas num aterro hidráulico, não tiveram a contenção adequada e a
água salgada migrou para o solo das áreas mais baixas. “Precisa de um
plano eficiente de contingência do sistema de drenagem, para evitar
falhas como essa. É só imaginarmos que, numa dragagem, 70% do resíduo é
água e somente 30% sólido. Isso é básico”, disse o biólogo.