Enquanto a licitação das imensas reservas do pré-sal brasileiro está
sendo esnobada pelas grandes companhias petrolíferas internacionais, o
mundo está vivendo uma verdadeira revolução no campo da energia. Durante
todo o século XX, o petróleo, junto com o velho carvão, alimentou o
maior período de crescimento econômico da história da humanidade. A
dominação do Império britânico no século XIX fundamentava-se no carvão,
abundante na Inglaterra.
O poder dos Estados Unidos no século seguinte tem muito a ver com o
fato de que o território americano era – e ainda é – riquíssimo em
petróleo. Hoje, a produção e consumo dos hidrocarbonetos continuam sendo
um elementos essenciais da geopolítica mundial. Só que hoje, com os
problemas de meio-ambiente e a produção e o consumo de massa chegando às
gigantescas populações asiáticas – e daqui a pouco africanas – é
difícil imaginar que a farra petroleira dos últimos decênios possa
continuar se sustentando. Como também não vão se sustentar as posições
de poder dos países produtores. O que está em jogo hoje, é a própria
geografia energética do mundo.
A primeira novidade é o aparecimento das energias renováveis a preços
cada vez mais competitivos. Por enquanto, os biocarburantes, o solar ou
o eólico, não podem ser considerados alternativas viáveis. Mas elas
começam, lentamente, a reduzir a demanda de petróleo nos países que
levam essa via mais a sério. Mais importante, porém, é a utilização da
força da economia digital para promover tecnologias e sistemas para
diminuir o consumo de energia: sistemas de transmissão e distribuição
“inteligentes” de eletricidade, edifícios energeticamente autônomos,
carros manejados automaticamente e racionalização do tráfego, novas
tecnologias de motores...